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sábado, 15 de agosto de 2009

SUPERPROTECAO - EDUCAR PARA NAO CRESCER

Desde o dia em que sabemos estar grávidas já começamos a idealizar o que desejamos que nossos filhos sejam quando crescer.

No entanto, muitas vezes, os pais, na necessidade de cuidar do outro, ou mesmo no medo de perder o controle sobre o filho, ou até de perder o próprio filho iniciam um processo inconsciente de superproteção e acabam passando a mensagem subliminar ao filho de: Não cresça! Permaneça criança! Seja dependente!

Tais mensagens passam a fazer parte do inconsciente do filho o que pode lhe trazer sérios comprometimentos na vida adulta, principalmente nos momentos em que se faz necessária a automotivação para enfrentar frustrações, dificuldades e principalmente fazer escolhas importantes profissionais e familiares.

Como este processo é inconsciente e se origina de uma necessidade emocional dos pais, fica muito difícil para a própria pessoa se diagnosticar como superprotetora.

Hoje em dia está mais do que comprovada a necessidade de educarmos as crianças para serem cidadãs autônomas e conscientes. Para tanto devemos ensiná-las a se relacionarem com os outros, a fazer suas próprias escolhas e a compreender o porque e a importância de obedecer regras.

Devemos estar atentos também ao fato de que o ser humano é impelido, por natureza, a crescer, a independer-se e a alegrar-se com suas conquistas.

Vou procurar colocar aqui alguns comportamentos inadequados e que, ao meu ver, quando os pais praticam, estão passando mensagens de “não cresça” para seus filhos.

·1- Deixá-los dormir na cama do casal, impedi-los de colocar a própria comida no prato, amassar toda a comida que lhe oferece, colocar em mamadeiras todos os líquidos que vão ser consumidos pela criança, usar vocabulários tudo no diminutivo para conversar com as crianças, mudar o tom de voz imitando a fala infantil para se relacionar com crianças.

.2- Deixar brincar com utensílios domésticos (é diferente de deixar brincar de casinha). Me refiro a permitir que uma colher ou um garfo seja guardado na caixa de brinquedos e seja por, exemplo, transportado no caminhãozinho plástico com o qual a criança brinca. Em outras palavras: A criança necessita aprender que cada coisa deve ter sua utilidade, o que é de brincar é de brincar...o que é de usar para alimentação, trabalho dos pais, não devem ser utilizados como brinquedo.

.3- Permitir que uma criança rabisque os móveis, as paredes, os livros, os cadernos de outra, é superproteção pois lhe passa mensagens anti cidadania, mensagens de superpoder (Tudo posso, tudo me pertence) e tais mensagens mais tarde poderão ser sustentadoras de atos de vandalismo.

·4- Entrar no meio de brigas ou discussões entre crianças para julgar e condenar um ou absorver outro, também é comportamento de superproteção. Os adultos não devem julgar as brigas, os motivos das mesmas ou até quem tem razão ou não. Apenas devem interrompê-las, impedi-las e desafiar as crianças a inventarem uma maneira de conviver com aquele outro sem brigar.

.5- Da mesma maneira, é dar mensagens de “não cresça” procurar sempre um culpado para as reações erradas ou os comportamentos inadequados de seu filho. (Fulano é má companhia, beltrano é agressivo, tal professor é injusto, a escola está perseguindo...).

Quando uma situação está difícil temos vontade de nos afastar dela, no entanto faz parte dos deveres de pai, auxiliar os filhos a enfrentarem “de frente” situações difíceis e cada vez que conseguirmos que nossos filhos vençam dificuldades ou transformem frustrações em situações de sucesso estamos lhes fornecendo um fortalecimento interno que vai capacitá-lo a vencer os desafios que a vida profissional e social lhe apresentar.

Podemos citar como exemplo, a diferença que há no futuro dos filhos, entre um pai que retira seu filho da escola após uma reprovação e aquele que auxilia seu filho a ter sucesso nos estudos dentro da mesma escola. Que impacto estas duas atitudes terão na vida adulta desta criança?

Qual das duas atitudes auxiliará seu filho a crescer e qual delas passa mensagem de “não cresça”? Pense nisto.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

EDUCAR PARA PENSAR 1

EDUCAR PARA PENSAR 1: Depois da serie sobre autoestima Ely Paschoalick escreve sobre como os pais podem desenvolver ou inibir a capacidade de pensar em seus filhos.

As crianças percebem o que se passa em sua volta muito mais pelas expressões faciais, pelos gestos, pela movimentação da casa e das pessoas, pelo tom de voz do que pelas palavras e vocábulos realmente ditos.
Por estes motivos, conversar francamente com a criança fazendo-a conhecer e pensar sobre as diferentes situações que se passam em família, leva-a a um desenvolvimento maior de seu cérebro, de sua capacidade de se comunicar, de sua capacidade de pensar.
Da mesma maneira agir ao contrário, dando-lhe ordens sem explicar o porque, disfarçando conversas quando esta se aproxima, falando dela mesmo que longe de seus ouvidos, escondendo seus sentimentos dela, pode deixá-la confusa e tirando conclusões negativas sobre si mesma e não sobre a situação (extra ela) que está acontecendo na família.
Frente a esta confusão e a esta falta de informação a criança se enche de medo e de insegurança que pode lhe provocar uma reação de não conseguir pensar claro, quase como se fosse uma fuga da realidade a que chamamos de mandato de “NÃO PENSES”.
Outro dia faleceu uma grande amiga e deixou sua fihinha de quatro anos.
As pessoas se dividiam entre aquelas que achavam que deveria esconder tudo da menina e dizer que sua mamãe estava viajando e aquelas que acreditavam que o melhor era contar tudo para a menina.
Ao ser consultada fui da opinião que não só deveriam contar para a menina como também levá-la ao velório e permitir que ela se despedisse da mãe.
Interessante como as pessoas substimam a capacidade de pensar de uma criança! Imaginem vocês que a menina estava brincando no pátio do velório, onde chegavam todos os parentes e a abraçavam chorando e ninguém tinha coragem de dizer a ela o óbvio. Quando foram conversar com ela a mesma afirmou:
__Eu já sabia, ouvi a vovó chorando e contando para a titia.
Se a família não contasse para a menina ela ficaria confusa e desconfiada, se a família mentisse que a mãe viajara sua confusão e desconfiança seria maior ainda, ao passo que contar, conversar com ela, chorar com ela, é auxilia-la a entender e elaborar esta tão grande perda.
Os pais, na educação para o pensar, devem ser orientados a contar para as crianças os problemas que estão enfrentando com coerência e verdades, pois estas são atitudes que aumentam o pensar e evitam o refugiar-se num mundo de medo, rejeição, impotência e incapacidade.
Deixe seu filho fazer perguntas sobre os assuntos que escuta, converse com ele, assim o estará educando para pensar.

Crianças dos 18 meses aos 3 anos - fase do pensar - como auxiliar a formação de uma autoestima positiva (4)

Ely Paschoalick, complementando os artigos (1);(2) e (3) escrevendo sobre os cuidados emocionais com crianças dos 18 meses aos 3 anos para bem estruturar uma autoestima positiva em seu filho e ensiná-lo a pensar.

Vimos nos artigos (1) e (2) que os bebês desde zero mês iniciam a formação da autoimagem e as sensações que a criança têm ao ser cuidada, alimentada, aquecida, banhada serão a base da autoestima positiva quando conclui sobre si mesmo: 'Eu sou merecedora de amor!' ou autoestima negativa: 'Eu não mereço ser amada!' No artigo número (2) vimos o que é adequado e inadequado à formação de uma autoestima positiva dos 5 aos 10 meses - brincadeiras do espelho - brincadeiras sonoras - brincadeiras com as mãos... No artigo (3) enfocamos a fase conhecida como do 'FAZER' que vai dos 10 aos 18 meses e o erro que é retirar, ou colocar para o alto, todas as coisas do ambiente onde a criança está, assim como o bater nas mãos quando esta pega um objeto que não pode ser pego. É nesta fase do período prático (10 aos 18 meses) que a criança conclui como base de sua autoestima positiva: 'Eu sou capaz de fazer!' ou como base da autoestima negativa: 'Eu sou incapaz para fazer!' Agora, no artigo 4 quero falar para você pai ou mãe de uma criança dos 18 meses aos 3 anos - fase do pensar - Pais faladores, donos de grandes sermões, que educam pelo medo ou pela ameaça, que são incoerentes com aquilo que permitem ou proibem a seus filhos entre 18 meses e 3 anos, auxiliam a construir uma autoimagem negativa. Pais que escondem a verdade de seus filhos, mesmo que seja para poupá-los, podem incutir na criança uma sensação negativa que vai estruturar a autoestima: 'Eu não compreendo bem sobre o que acontece.' Dos 18 meses aos 3 anos a criança necessita de pais potentes e fortes, capazes de interromper seus comportamentos errados com ordens curtas e firmes. Necessita de pais que estejam prontos a responder suas perguntas estimulando-a a perguntar mais e mais e auxiliando-a a entender os fatos ocorridos em seu meio ambiente ou com sua família. Por exemplo: Uma mãe brigou com o papai e começou a chorar. A criança se aproxima e diz: _Mamãe, voce está chorando? Ao que a mãe responde sorrindo: _Não, filhinha, foi um cisco que entrou em meu olho!'. Este comportamento é errado pois a criança, apesar de pequena e não capaz de compreender sobre as relações pessoais dos adultos, estava tendo uma percepção do outro (empatia) que foi totalmente camuflada e ficou confusa pela resposta dúbia de sua mãe. Outro comportamento dos adultos que pode colaborar para a formação da autoestima negativa, levando a criança de 18 meses a 3 anos concluir sobre si mesma: 'Eu sou confusa, não consigo pensar claro sobre as coisas!' é o fato de uma mãe hoje ficar muito irritada porque a criança calçou seu sapato de festas e amanhã fazer de conta que não está nem vendo e deixa a criança brincar com seus sapatos. Tais ordens incoerentes levam a criança a acreditar sobre si mesma: 'É melhor eu não pensar sobre o porque das coisas!'. Também podemos citar como exemplo o fato de dizer que alguém que morreu está viajando, ou mesmo, que seu irmãozinho vai ser trazido pela cegonha ... (São afirmações que, mais cedo ou mais tarde, ela concluirá serem falsas: "Estão chorando tanto porque vovó foi viajar! ...Mamãe foi para o hospital e eu nunca vi uma cegonha..." e cada vez que tenta relacionar fatos a criança pode sentir-se incapaz de pensar claramente sobre o ocorrido, tirando a conclusão sobre si mesma: "Não sou capaz de pensar claro!". Amedontrar a criança entre 18 meses e 3 anos também é um fator contribuidor para a mensagem negativa: 'Não devo pensar sobre os fatos!' Esteja com seus filhos entre 18 meses e 3 anos, apresentando-lhe o mundo, respondendo com poucas palavras e curtas explicações sobre as perguntas que fazem. Estimule seus filhos menores de 3 anos a explorarem o mundo e a fazerem perguntas desenvolvendo neles a crença: 'Você é capaz de pensar!'. No próximo artigo falaremos sobre as conversas que os adultos devem ter com as crianças acima de 3 anos. Escreva no campo “comentário dos leitores” suas dúvidas, experiências e sugestões que terei imenso prazer em responder-lhe pois certamente NINGUÉM É MELHOR DO QUE NÓS TODOS JUNTOS.

Bebês dos 10 meses aos 18 meses - Formaçao da autoestima (3)

Ely Paschoalick, complementando os artigos (1) e (2) escrevendo sobre os cuidados emocionais com bebês dos 10 aos 18 meses para bem estruturar uma autoestima positiva em seu filho.

Ao ler este artigo você vai entender como é que uma criança pode, apesar de amada, desejada e querida, desde muito cedo, instalar em seu SER sensações de rejeição, incapacidade e inferioridade, iniciando um processo de disfarces, através do qual mascara em seu comportamento todo o auto-conceito negativo que está construindo no mais profundo do seu íntimo.
Assim, apesar da existência de potencialidades e capacidades, o processo cognitivo fica todo prejudicado acarretando: - baixo rendimento escolar; -exagerada desconcentração e desatenção; -grande descuido ou descaso na realização de tarefas; -mudanças bruscas e extremistas de humor!
Já vimos nos artigos (1) e (2) que os bebês desde zero mês inicia a formação da autoimagem e as sensações que têm ao ser cuidada, alimentada, aquecida, banhada serão a base de tal estrutura. Tais percepções são guardadas no inconsciente da criança e vao construindo sua autoestima.
Vimos também que dos 2 aos 4 MESES é a fase do SER e é neste período que se instala a base para a conclusão sobre ser capaz de ser amada ou merecer amor.
No artigo número (2) vimos o que é adequado e inadequado à formaçao de uma autoestima positiva dos 5 aos 10 meses e agora no ARTIGO (3) vamos enfocar a fase conhecida como do "FAZER" que vai dos 10 aos 18 meses.
É Neste período (denominado período PRÁTICO) que a criança vai saindo para mais distante dos pais e se inicia a independência física da mesma.
Tendo as fases anteriores frustadas, a criança iniciará neste período sensações de rejeições, incapacidade e inferioridades,sensaçoes estas que podem atrasar desde seu processo de ficar em pé e aprender a andar até outros aprendizados.
Tendo as fases anteriores bem alimentadas (estimuladas) a criança tende a ter comportamentos onde, na maioria das vezes, demonstra aceitação, capacidade e potência para bem se relacionar consigo e com os outros sabendo identificar, vivenciar e expressar adequadamente sentimentos reais (amor, raiva, tristeza, alegria e medo) que as diferentes situações da vida lhe estimulam.
É nesta fase que a criança faz a grande conquista de aprender a andar. Andar lhe dá agora condiçoes de explorar o mundo e ela faz esta exploraçao pegando nas coisas que encontra pelo caminho.
Um grande erro é retirar, ou colocar para o alto, todas as coisas do ambiente onde a criança está pois assim o adulto estará impedindo a criança de crescer na conquista de sua independência emocional e principalmente tirando-lhe a oportunidade de aprender a controlar e aprimorar a capacidade de controlar sua força e seus gestos de maneira a segurar e carregar objetos sem se machucar e sem quebrar ou estragar tais objetos.
Assim como quando ela cai, o adulto a ajuda a levantar-se e a estimula a continuar caminhando; ao quebrar ou estragar algo o adulto deve auxiliá-la a conhecer tal objeto com o cuidado necessário para sua conservaçao. O ideal é que esta criança esteja sendo observada e que o adulto interfira auxiliando-a delicadamente a segurar e conhecer os objetos adequadamente.
É destas experiências, frente ao novo, que a criança vai construindo sua autoestima em relaçao a ser capaz de realizar atividades difíceis e enfrentar com sucesso situaçoes delicadas e perigosas.
Alguns adultos têm o hábito de dar pequenas palmadas nas maos para que a criança aprenda a nao mexer em determinados objetos.
Este hábito é bastante inadequado e pode instalar no psiquê da criança uma ordem de "nao mexa! Nao explore o mundo! Cuidado com coisas novas!" ou o que é pior ainda poderá lhe oferecer oportunidade de associar o explorar e conhecer coisas novas com o sofrer e o apanhar e tal associaçao poderá inibir ou lhe dar medo e vergonha de iniciar uma nova carreira profissional, um novo emprego, novos relacionamentos.
Devemos neste período dos 10 aos 18 meses estar sempre oferecendo oportunidades da criança interagir com os mais diferentes objetos inclusive aqueles como, vidro, barro, tintas, massas e líquidos que podem lhe sujar.
O que se faz necessário é uma constante vigilância impedindo-a de machucar-se ou estragar objetos que devem ser conservados.
Pais que nao permitem a seus filhos sujarem-se ou mexerem nos objetos auxiliam o desenvolvimento da timidez, do medo, impedindo a conquista da independência emocional.(Leia também artigo postado dia 04/03/2009 - Superproteçao Traz Dependência Emocional aos Filhos.).
É através de sua atuaçao sobre os objetos e os aontecimentos a criança intensifica seu raciocínio lógico e inicia a fomação de seu quadro de valores a partir de suas vivências econclusões sobre si mesmo, Deus, o outro e todos.
Assim sendo denominamos dos 18 meses aos 3 anos de fase do PENSAR efalaremos sobre esta fase em nosso próximo artigo (4).
Escreva no campo “comentário dos leitores” suasdúvidas, experiências, comentários e sugestões que terei imenso prazerem responder-lhe pois certamente NINGUÉM É MELHOR DO QUE NÓS TODOS JUNTOS.

Bebês dos 5 aos 10 meses: Formação da autoestima (2)

Ely Paschoalick complementa o artigo anterior(1) falando sobre a importância dos cuidados emocionais com o bebê dos 5 aos 10 meses para bem estruturar uma autoestima positiva no ser humano.


Como foi prometido falaremos aqui sobre os cuidados emocionais que os pais devem ter com seus bebês dos 5 aos 10 meses.
DOS 5 AOS 10 MESES (SER/FAZER)
O sucesso desta fase (conhecida como ESTÁGIO DE DIFERENCIAÇÃO) será maior se o espelho foi bem vivenciado.(Leia o artigo (1) postado dia 24 de abril de 2009 para se familiarizar com a fase do espelho).
Caso seu bebê tenha passado da fase do espelho e não o teve bem vivenciada você poderá fazer brincadeiras de cobri-lo com uma fraldinha ou toalha e ficar perguntando: Cadê o fulano! Cadê o fulano! E de repente retirar o pano e falar: Achei o fulano! Que gracinha! Quanto mais festa você fizer e mais você pronunciar o nome dele mais estará auxiliando a superar a fase anterior que não foi bem vivenciada. Se o bebê estiver indisposto ou chorando dê-lhe toques corporais carinhosos e converse com ele imitando suas feiçoes de tristeza ou de dor.
Neste período de 5-6 meses a criança já tem capacidade para se separar da mãe e tomar consciência de que é uma pessoa diferente da mãe. É nesta fase que ela começa a reconhecer sua mãozinha como parte de seu ser e começa a compreender que a comanda. Porisso é tão importante que ela tenha chocalhos e brinquedos dependurados com auxílio de elástico para ela ficar batendo com as mãos e jogando de lá para cá.
Tudo que provoca barulho lhe atrai e você deve deixá-lo explorar os diferentes sons, para isto é necessário que você lhe dê diferentes materiais para bater e chocalhar.Garrafas pet cheias de objetos que provocam diferentes sons tornam-se brinquedos ideais para esta fase, desde que bem fechados e vedados.
Todo exercício que brinca com as mãos e a boca são super adequados para esta fase de 6 aos 10 meses e os adultos devem procurar imitá-los pois isto causa um imenso prazer no bebê e a conclusao: 'Eu sou capaz de me comunicar com o outro'.
O que é inadequado para esta fase é interromper a brincadeira sonora do bebê acusando-o de fazer muito barulho. Frases tipo: 'Tirem este menino daqui, nao suporto mais seu barulho!' 'Que menino barulhento! Fique quieto pelo amor de Deus!' Gritos como: 'Pare!' 'Chega!' sao frases que provocam uma gravaçao de autoestima baixa: 'Eu nao sou capaz de me comunicar' ou 'É muito difícil me fazer compreendido'.
É preferível colocar um algodao em seus ouvidos e vigiar os materiais que lhe entrega nas maos para evitar barulhos muito fortes para você. No lugar de interrompê-lo ou acusá-lo de inadequado e insuportável distraia-o com outras atividades que provocam sons mais fracos ou mais baixos.
Chamamos esta fase de ser/fazer porque a criança ainda mistura seu ser com o seu fazer. Nesta época ela já percebe que fez xixi ou cocô porém ainda não os controla e é prejudicial para sua alfabetização emocional o adulto ficar bravo por causa de seus cocôs ou rejeitar o bebê com nojo porque este está sujo de cocô mal cheiroso.
A criança entenderá que você ESTÁ bravo e rejeitando a ela e ao seu fazer. Assim também procede sua lógica em relação ao provocar barulhos e ser impedida de provocar barulhos.
Não estou querendo com isto dizer que sua criança deve ser insuportavelmente barulhenta e que todos precisam respeitar suas batucadas, mas apenas que o adulto ofereça aos bebês de 5 à 10 meses oportunidades de batucar com diferentes materiais e que aceite suas feses como um presente que ela lhe dá. O bebê começa após os 5 meses a perceber que tem um interior, que pode mexer e livrar-se de objetos que estao a sua frente ou sobre si; percebe que sua mãe está fora dele e que ela também, tem um interior independente do seu.
Consegue perceber se sua mae está bem ou mal assim como começa a preocupar-se com algo além de si mesmo. Essa percepção do “outro” pode lhe trazer ansiedade pois é obtida através de experiências e vivências com os adultos e viver em um ambiente que o envolva carinhosamente será contribuidor para diminuir a ansiedade que se instala por ainda nao compreender bem o outro. Devemos também evitar chacoalhá-lo muito para dormir, evitar brincar de jogá-lo para cima (apesar dele rir e achar bom) e principalmente brigar e gritar frente a bebês de 5 à 10 meses.
É ideal um ambiente calmo e até se possível colocar música clássica para ele ouvir e principalmente continuar a amamentaçao no seio materno.
No período entre 5 e 10 meses é que o bebê se estrutura psiquicamente para formar uma autoimagem positiva ou negativa a partir de experiências do ser e fazer e pode chegar a uma das duas conclusoes estruturais de seu psiquismo: 'EU SOU ALGUÉM MERECEDORA DE AMOR' ou 'EU SOU ALGUÉM QUE NAO MERECE SER AMADA.'
E é crendo em uma das duas frases acima, como base de sua estrutura psíquica, que a pessoa norteia os relacionamentos interpessoais e amorosos em sua vida adulta.
Após os 10 meses o bebê adquire um grau mais avançado de maturidade emocional e inicia uma nova fase onde estruturará a autoimagem referencial em relaçao a sua capacidade: Eu sou capaz de fazer bem as coisas ou eu sou incapaz de fazer até o final as coisas... Mas esta fase será objeto de nossa coluna na próxima semana quando escreverei sobre a base da estrutura psiquica (3) dos 10 aos 18 meses. Mande-me através do campo “comentário dos leitores” suas dúvidas, experiências, comentários e sugestões que terei imenso prazer em responder-lhe pois certamente NINGUÉM É MELHOR DO QUE NÓS TODOS JUNTOS.

bebês dos 0 aos 4 meses - A Base da Estrutura Psíquica Formação da Autoestima (1).

Ely Paschoalick fala sobre a importância dos cuidados emocionais com o recem nascido, dos zero aos 4 meses para bem estruturar uma auto-estima positiva no ser humano.

Conhecedores que são do efeito do relacionamento: mãe-recém nascido na formação da Estrutura Psíquica do adulto, é que os países do 1º Mundo oferecem à gestante um longo período de afastamento do trabalho, de maneira que esta possa interagir o maior tempo possível com seu bebê. No Brasil, só recentemente o período de licença da gestante trabalhadora foi um pouco ampliado. Apesar de ter sido uma grande conquista, ainda não é o suficiente.
Ao ler este artigo você vai entender como é que uma criança pode, apesar de amada, desejada e querida, desde muito cedo, instalar em seu SER sensações de rejeição, incapacidade e inferioridade, iniciando um processo de disfarces, através do qual mascara em seu comportamento todo o auto-conceito negativo que está construindo no mais profundo do seu íntimo. Assim, apesar da existência de potencialidades e capacidades, o processo cognitivo fica todo prejudicado acarretando: - baixo rendimento escolar; -exagerada desconcentração e desatenção; -grande descuido ou descaso na realização de tarefas; -mudanças bruscas e extremistas de humor!
0 A 2 MESES (SER)
É neste período que se inicia a formação da auto-imagem e as sensações deste período serão a base desta formação. Do zero aos 2 meses o ser humano é concentrado em si mesmo e não é capaz de separar-se da mãe durante este período, que é conhecido como FASE DE AUTISMO. Neste período a criança desenvolve os sentimentos sobre simesma a partir da percepção dos sentimentos de seguranca e aceitação da mãe ao alimentá-la, banhá-la, trocá-la, etc. Tais percepções são guardadas no inconsciente da criança e por isso alimentá-la acariciando seu corpo, sentir prazer e aceitação ao cuidar dela são estímulos que a auxiliam na formação da auto-imagem positiva.
DOS 2 AOS 4 MESES (SER)
É neste período que se inicia a capacidade de esconder ou disfarçar os sentimentos reais e é a base para a conclusão sobre ser capaz de ser amada ou merecer amor. Dos 2 aos 4 meses a criança começa a formar uma relação separada da mãe e inicia uma imagem própria de sua identidade. Ao ter a experiência de ser tratada com prazer, paciência e aceitação (inclusive de suas fezes, seu cheiro, seus choros...) a criança grava sobre si própria a identificação de ser alguém capaz de ser amada ou merecer amor.
Neste período (conhecido como FASE DA SIMBIOSE), a mãe deve se relacionar com a criança como um espelho, imitando as expressões faciais que o bebê faz. O espelho é de grande importância na formação da identidade. Se a mãe desqualifica as expressões faciais de tristeza, medo, amor, raiva ou alegria do bebê e espelha ao contrário, pode trazer confusão e iniciar-se aí a impotência de identificar o que realmente sente.
A criança começa a criar um mecanismo de defesa que a capacita a disfarçar ou esconder os sentimentos reais (raiva, medo,tristeza, alegria, amor) substituindo-os por emoções de “rebusque” como mágoa, culpa, zanga, pavor, paixão, revolta, ódio, injustiça,fracasso, triunfo, impotência, onipotência, vingança,manipulação...
Exemplo de desqualificação da expressão do bebê: “Sorrir e fazer expressões de alegria frente a uma criança que chora de raiva ou de medo, na tentativa de que ela pare de chorar”. 'Ficar rindo e achando graça quando a criança está expressando através do choro e caretas seu mal estar'. Para a formaçao de uma forte e positiva base para a autoestima é importante que os adultos imitem as feiçoes do bebê dos 0 aos 4 meses. “Imitar como se fosse um espelho” as expressões faciais do bebê é entrar em sintonia com ele. Esta atitude lhe traz seguranca e sensações de aceitação e adequação.
Numa próxima ocasiao falaremos sobre os cuidados que os pais devem ter dos 5 aos 18 meses.
Mande-me através do campo “comentário dos leitores” suas dúvidas, experiências, comentários e sugestões que terei imenso prazer em responder-lhe pois certamente NINGUÉM É MELHOR DO QUE NÓS TODOS JUNTOS.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

COMO EVITAR TER UM FILHO DESASTRADO.

A crença em sua própria capacidade de ser habilidoso ou desastrado inicia-se no ser humano na fase de engatinhar e pegar nas coisas. Depois o ser humano recicla seu próprio conceito de ser habilidoso ou desastrado, por volta de 4 anos quando a criança inicia suas primeiras dobraduras, seus desenhos. Logo mais tarde, ao aprender a escrever, a criança tem nova oportunidade de reformular sua auto-imagem sobre ser capaz e ter habilidades ou ser desastrado na vida. Para evitar ter um filho desastrado é necessário que durantes estas 3 fases (engatinhar – 4 anos – alfabetização) você mãe e você professor ofereçam estímulos positivos valorizando o esforço que a criança empreendeu para realizar com sucesso suas atividades e não do resultado desastroso ou sem desastres. Aqueles que durante estas 3 fases receberam estímulos negativos dos adultos tendem a criar sobre si uma crença de que não são capazes de certas habilidades que permitem o sucesso e o que é pior ainda, passam a crer que são merecedores do fracasso e a partir desta crença começam a afirmar sobre si mesmo: Eu sou desastrado! Ah!, Isto nem vou tentar fazer pois sou um desastre... Aos 11, 12 anos quando o adolescente passa uma fase de dificuldades espaciais e motoras devido ao seu crescimento biológico, o ser humano reafirma a crença interna negativa sobre si e se acomoda aos rótulos passando a se auto-justificar com frases como: Eu sou assim mesmo... minha mão é um desastre, eu não gosto de escrever... eu não quero ir para a escola... e coisas semelhantes. Para evitar ter um filho desastrado você deve “correr longe” destes estímulos negativos que exemplificamos abaixo. Tais atitudes são muito comuns em nossa sociedade porém você deve saber que elas são alimentadoras de um filho com comportamento desastrado:a) Bater na mão do bebê quando este pega em algo que não pode.b) Gritar: Largue isto! Você vai acabar com as coisas da casa! c) Dar comida na boca sem deixá-lo agir com suas mãozinhas sobre a comida.d) Dizer: Pare de amassar e gastar folhas com estes rabiscos!e) Observar a criança rabiscando a parede ou o sofá e dizer: _Que gracinha, ele vai ser pintor! (Os adultos devem interromper pois parede e sofá não são lugares de rabiscar.).f) Não reservar tempo para conversar sobre o que significa aquele desenho ou aqueles rabiscos que a criança lhe mostra com entusiasmo.g) Não reservar tempo para ouvir a história das cartas que ela escreve com um monte de garatujas emaranhadas, aparentemente sem significado.h) Colocar julgamento sobre suas produções escritas TIPO: Sua letra está horrorosa! Você é capaz de fazer melhor! Ele despenca todo o caderno! Seu caderno tem um monte de “orelhas de burro”!i) Ficar contando para “todo mundo” os desastres que ele ou ela fez e rir deles.Podemos exemplificar como estímulos positivos frente às 4 fases acima citadas: engatinhar e pegar em todas as coisas, 4 anos, iniciar suas primeiras produções escritas e a fase da desorganização espacial dos 11 e 12 anos:a) Oferecer vigilância e controle oral.b) Oferecer tempo e oportunidades de maneira a auxiliá-lo a REFAZER COM SUCESSO aquilo que anteriormente foi um fracasso.c) Valorizar os pequenos acertos e dar ênfase às pequenas conquistas. Muitas vezes esta criança ou este adolescente apenas está vivendo uma DESORIENTAÇÃO DO ESQUEMA CORPORAL e dicas de como lidar com esta desorganização será o próximo assunto desta coluna.
Quero deixar aqui algumas frases brilhantes retiradas do projeto: 'EDUCAR OS PAIS PARA EDUCAR OS FILHOS'

VALORIZE OS ACERTOS DE SEU FILHO OU SEU ALUNO, MESMO QUE ESTE PEQUENO ACERTO ESTEJA EM MEIO A MUITOS ERROS.
AUXILIE-O A REFAZER COM SUCESSO ALGO QUE FOI UM DESASTRE.

FLAGRE-O NAS ATITUDES CERTAS.

CONTE PARA “TODO MUNDO” AS ATITUDES CERTAS QUE FLAGROU.

PROMOVA A SUA COMPETÊNCIA E EVITE TER UM FILHO DESASTRADO.

Dúvidas e consultas online poderão ser feitas no campo “comentário dos leitores” que responderei com o maior carinho.

SUPERPROTEÇÃO TRAZ DEPENDÊNCIA EMOCIONAL AOS FILHOS.

A PROTEÇÃO só é positiva quando os pais conseguem equilibrar: Dar proteção ao filho x Ensiná-lo a se proteger. Este equilíbrio está intrincicamente ligado ao fato de conseguir independê-lo fisicamente e emocionalmente possibilitando que o próprio filho se proteja.Podemos dar como exemplo o beber água em copo. É lógico que não podemos dar um copo de vidro para as crianças aprenderem a sair da mamadeira e usar um copo, no entanto há um momento em que ainda colocamos o copo na boca da criança, em outro podemos deixá-los segurar o copo sozinho e só após a criança ter uma capacidade de apreender e equilibrar o copo é que podemos deixá-lo utilizar o copo de vidro. O problema não está em seguir esta ou outra sequência que leve à conquista da independência física, o problema está quando os pais não permitem esta evolução para a criança e vão sempre preferir dar copos de plástico ou alumínio em nome de protegê-lo dos possíveis acidentes que um copo de vidro pode provocar nas crianças. Este é um exemplo de superproteção.É lógico que utilizar mamadeira é muito mais fácil e tem menos possibilidades de sujeira ou acidentes. Utilizar copos de plástico também é mais garantido e corre menos risco.No entanto se os pais não dão oportunidades a seus filhos de crescerem e lidarem com os perigos eles não crescem e amadurecem emocionalmente.Foi muito comum em minha prática profissional encontrar crianças imaturas, com dificuldades de se relacionarem com outras crianças, com dificuldades de se separarem das mães quando cursavam a pré-escola. Com dificuldades para traçar com lápis ou mesmo utilizar uma tesoura ou cola. Com dificuldades de copiar da lousa em uma segunda ou terceira série do ensino fundamental.Ao averiguar, junto aos familiares, sobre esta criança... era batata!!!: Os adultos faziam tudo por ela. Davam comida na boca, davam banho, vestiam as meias, calçavam os sapatos, levavam a criança a dormir em suas camas de adultos e na maioria das vezes justificavam:_'Mas se eu não der na boca ele não come!'(Mãe de criança de 4 anos)._'Mas se eu não colocar o sapato demora um ano e chegamos atrasados!'(Mãe de criança de 8 anos)._'Mas meu marido viaja e ficamos muito sozinhos, então fazemos companhia um para o outro!' (Mãe de criança de 5 anos).Aí, sempre começamos uma série de orientações para os pais, não para eles largarem de uma vez mas para eles oferecerem oportunidade do filho superar sozinho tais diiculdades.Impressionante como após a criança adquirir uma certa independência física a independência emocional acontecia.Para a indepnedência emocional ou seja, crescer capaz de tomar decisões e resolver problemas na vida, é muito importante o filho auxiliar as tarefas domésticas, aprender a tomar conta de uma planta, de um animal e de si mesmo através dos cuidados de higiêne, alimentação e organização de seus brinquedos e objetos.Auxilie seu filho a adquirir a independência emocional oferecendo-lhe independência física.Vou deixar aqui uma frase brilhante retirada do projeto: 'EDUCAR OS PAIS PARA EDUCAR OS FILHOS'
'Ofereça tempo e oportunidade para que seu filho, pouco a pouco, refaça com sucesso aquilo que anteriormente foi um fracasso, uma frustração e não o critique ou apresse frente a suas tentativas infrutíferas..'

VIOLÊNCIA SIMBÓLICA OU VIOLÊNCIA BRANCA NA EDUCAÇÃO.

Os antropólogos têm se dedicado nos últimos tempos a pesquisar as violências contidas no simbolismo da relação entre pessoas. Isto porque, fica cada vez mais comprovado, que inúmeras práticas sutis,como se fosse o BEM DA VIDA são responsáveis por comportamentos agressivos que aumentam dia a dia a violência urbana, o uso de drogas, a gravidez na adolescência e a prática de delitos por parte dos jovens.
Podemos citar como exemplo a doçura da professora que afaga e critica,que ensina e ameaça reprovar o aluno; os gritos e chineladas de amor que muitas mães dão em seus filhos para que eles não as envergonhem com seu comportamento; as frases ditas em momento de muita raiva como: Não aguento mais você - Você é o pior de todos - Você não vai dar nada na vida. Deste jeito não gosto mais de você...
Também constitui Violência Branca ou Violência Simbólica os castigos de suspender da aula de Educação Física ou do pátio, o aluno que fez folia na aula de português. Retirar o presente de natal do filho porque não obteve boas notas; não fazer a festa de aniversário porque brigou com o irmão; chamar de preguiçoso e vagabundo aquele que não vai bem na escola...
Por outro lado estudos nos comprovam também que pessoas criadas sem limites tornam-se com facilidade marginais em seus grupos sociais e alguns bastante desestruturados psiquicamente.
O desafio da educação atual está em como dar limites e promover o progresso e bom comportamento sem utilizar violência mesmo que seja doce e para o bem da vida.
Violência Simbólica ou Violência Branca está presente em muitas salas de aula e mesas de almoço familiar. Os sintomas são fáceis de detectar pois tais salas de aula ou mesas familiares se parecem com um grande fogão cheio de panelas de pressão desreguladas que facilmente explodem e causam estragos.Quando técnicos são chamados para estudarem e interferirem naquele 'fogão explosivo' diagnosticam que por trás das relações humanas há atitudes de pessoas ameaçando, humilhando e criticando. É preciso estarmos atentos a algumas práticas sutis que aumentam a violência (ameaças, críticas, chantagens, castigos prolongados, exposição ao ridículo) e diminuí-las...diminuí-las até que consigamos conviver pacificamente com nossos filhos ou alunos e estes nos obedecerem respeitando os limites que lhes impusermos.
É preciso também começarmos a utilizar outras práticas positivas e potentes que dão limites e levam a criança e o adolescente a um caminho de auto-controle adquirindo sua utonomia. São elas: conversas, contratos, combinados e negociações.
Mande-me através do campo “comentário dos leitores” suas dúvidas, experiências, comentários e sugestões que terei imenso prazer em responder-lhe pois certamente NINGUÉM É MELHOR DO QUE NÓS TODOS JUNTOS.

Educar ameaçando tirar o presente

Estava aguardando o semáforo abrir e ouvi uma mãe, na porta da farmácia ao lado, gritando e dando um safanão na filha que cansada sentava-se na escada.
Prestando atenção no que a mãe gritava dava para perceber toda a situação:
'Levanta daí que vai sujar o vestido e não vamos mais à casa da madrinha.'
A menina, que devia ter uns seis anos, não se intimidou e continuou sentada olhando com olhos cansados para a mãe, talvez ela tivesse certeza de que acabaria indo na casa da madrinha.
Outra pessoa que parecia ser a avó, segurando na mão de um suposto irmãozinho, retrucou: “Coitada, já são 13h20 e ela está cansada e com fome!”.
Após ouvir aquela permissão para desobedecer à mãe, a menina ameaçou deitar-se no chão. Foi aí que a mãe falou algo que levantou a menina de supetão do chão: “Se você não levantar daí vai ficar sem seu Ovo de Páscoa!”.
O sinaleiro esverdeou-se, olhei ainda para o quadro que se formara na porta da farmácia e vi uma sacola cheinha de ovos de páscoa nas mãos da mãe.
Continuei meu caminho a pensar:
Ameaçar retirar um presente prazeroso é um grande instrumento para conseguir que as crianças façam aquilo que desejamos. Mas que reflexo isto poderá trazer para a vida futura da criança?
Pelo sim pelo não: ameaçar retirar o presente, ameaçar dar um castigo corporal, dar safanões e gritar com a criança em local público são maneiras do adulto ser quase sempre obedecido. Porém, se tem um outro adulto que de pronto critica o ameaçador, a criança já entra em dúvidas sobre a obediência ou até faz como a menininha em questão: começou a deitar-se no chão, comportando-se exatamente ao contrário do que a mãe esperava.
Porém, pelo fato das ameaças serem na maioria das vezes eficazes, elas são largamente utilizadas pelos educadores. Tem o caso do professor que diz que o aluno que não terminar a cópia não vai embora para a casa... da mãe que ameaça largar o filho sozinho no supermercado se ele não parar de chorar e dar birra... e como é o nosso exemplo, a mãe que ameaça tirar o ovo de páscoa se a filha não se levantar do chão.
Fiquei também pensando do artigo 71 do Código de Defesa do Consumidor:
Art. 71 – Utilizar, na cobrança de dívidas, de ameaça, coação, constrangimento físico ou moral, afirmações falsas, incorretas ou enganosas onde qualquer outro procedimento que exponha o consumidor, injustificadamente, a ridículo ou interfira com seu trabalho, descanso ou lazer: Pena – Detenção de três meses a um ano e multa.'

Fazendo uma analogia, a mãe da menina expôs sua filha injustificadamente ao ridículo, pois todos olhavam. A mãe também interferiu em seu descanso nas escadas e lazer de curtir um passeio, embora fosse um passeio muito mais do interesse e do ritmo da mãe do que da criança.
Sei que o que vou escrever pode até incomodar a muitos, mas será que tudo não seria resolvido se a mãe descesse as escadas da farmácia, se agachasse ao lado da menina e falasse bem em seu ouvido: “Filhinha: Eu sei que você está cansada e com fome, já faz tempo que estamos andando, mas pense nos lindos ovos que vamos comer domingo de páscoa, pense no quanto a madrinha vai ficar contente com o ovo que você vai levar para ela, pense no quanto seu lindo vestidinho vai ficar sujo deste chão que passa tantas pessoas... Vamos, levante! È só mais um pouquinho, eu vou comprar um remédio aqui e já vamos. Ajude a mamãe mais um pouquinho!!!
Educar ameaçando tirar o presente é uma perda de oportunidade de educar através do pensar, do colaborar, do compartilhar.
Será que as crianças educadas através das ameaças e do medo de perder não se tornarão adultos que no lugar de pensar sobre o que fazer ou não fazer pensarão sobre na frente de quem fazer ou não fazer? E serão adultos expercts em fazer coisas erradas longe dos olhos dos guardas.

terça-feira, 31 de março de 2009

Professora cola boca de criança com fita adesiva

Quarta-feira, 18/03/2009 estava assistindo ao Jornal Hoje da Globo, deparei-me com a notícia de que para acabar com a conversa na sala de aula, uma professora do Rio Grande do Sul, colou uma fita adesiva na boca de um menino de cinco anos. (Leia e veja vídeo da notícia na íntegra no site http://g1.globo.com/jornalhoje/0,,16010,00.html de quarta-feira dia 18/03/09).
Há mais de 100 anos a prática e a teoria demonstram que mesmo as crianças portadoras de necessidades especiais, sejam por terem nascido ou sofrido alguma lesão, se em um ambiente emocionalmente adequado, apresentam progressos em seu aprendizado; que dirá daquelas “ditas normais”. Estas deveriam estar cada vez aprendendo mais conteúdos, com mais facilidade.
Porém não é isto que acontece. Cada dia mais as crianças e principalmente os adolescentes se desinteressam das aulas, festejam os feriados, fazem semana do “saco cheio” (recesso para descanso, geralmente no segundo semestre) e só acham agradáveis os momentos de entrada, saída e intervalos das aulas.
A Escola, proibindo a comunicação entre alunos em pleno século da comunicação tecnológica, se distancia cada vez mais da realidade social e educacional que as crianças e os jovens anseiam. Alguns professores, encarcerados no paradigma “quando um burro fala o outro abaixa a orelha” desesperados em manter a “ordem” usam e abusam de “carinhosos” recursos como o desta professora do Rio Grande do Sul que colou com fita adesiva a boca daquela criança tagarela que não parava de falar.
Coitado do menino! Ficou tão traumatizado que demorou quase uma semana para falar a sua própria mãe sobre a agressão que sofrera.
Esta professora cola a boca de criança com fita adesiva, outros "mestres" separam a fileira dos “tomates podres” da fileira dos “tomates bons” de maneira que os “tomates bons” são instruídos para não se aproximarem dos “tomates podres” para não “apodrecerem “ também.
Meu Deus! Em pleno século XXI, no auge da tecnologia, no século do conhecimento, no mercado das parcerias... Encontramos práticas capazes de achatar a auto-estima do aluno a ponto de deixá-lo cada vez mais improdutivo, revoltado e sem condições de pensar, refletir, comparar, raciocinar, conscientizar-se sobre o impacto de seu comportamento sobre o grupo e tomar decisões de modificar-se.
Em nome de declarações inconseqüentes como: “Já fiz de tudo...” “Não sei o que eu faço...” “Os outros alunos têm o direito de aprender...” professores humilham seus alunos deixando-os inseguros e revoltados.
Constantemente sou procurada por pais de crianças ou adolescentes que estão com problemas de aprendizagem ou rendimento escolar e mesmo por adultos com dificuldades e timidez no momento das “famosas” entrevistas para o mercado de trabalho. Quando faço a investigação quase sempre me deparo com alguma experiência que a pessoa viveu onde foi vítima da violência doce de algum professor que em nome do bom andamento da classe ou o desenvolvimento daquele aluno a praticou.
É impressionante como após a recordação do fato e o trabalho emocional sobre os sentimentos vivenciados por ocasião da experiência, os problemas de aprendizado ou a timidez nas entrevistas ou mesmo o nervosismo nas provas, desaparecem como por encanto.
A análise, feita pela vítima, sobre o prisma da inadequação da autoridade que deveria ser um profissional exercendo a função para a qual hipótéticamente estudou e se preparou é a verdadeira redenção destes milhares de cérebros que vão sendo desperdiçados nos bancos escolares.
Na recuperação da auto-confiança é preciso que o aprendiz compreenda que é passível de erro pois está em processo de aprendizado e que há maneiras corretas e não violentas de corrigir estes erros que tanto colaboram para construir nosso conhecimento. Aqui vale o paradigma: “É errando que se aprende”.
Se você, seu filho ou conhecido já sofreu alguma discriminação deste estilo, escreva para nós que estaremos denunciando neste espaço até que estes “ditos professores” sintam-se envergonhados e inferiorizados como profissionais à semelhança do que fazem com seus alunos. Talvez com vergonha, um dia quem sabe, desistam da idéia de serem professores assim como seus alunos estão desistindo da idéia de serem estudantes.
Dúvidas e consultas online poderão ser feitas no campo “comentário dos leitores” que responderei com o maior carinho. Até a próxima semana onde espero não ter manchetes semelhantes a esta: onde professora cola boca de criança com fita adesiva.
Se você preferir poderá entrar em contato pelo endereço elypaschoalick@yahoo.com.br