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terça-feira, 28 de setembro de 2010

EDUCAR PARA PENSAR 2

Título: EDUCAR PARA PENSAR 2 – Não se educa com proibição.

Ely Paschoalick publica um texto da Professora Denise Vilardo que auxilia o leitor a refletir porque não se educa com proibição.

Eu estava pensando para escrever o segundo artigo da série EDUCAR PARA PENSAR onde quero contestar a filosofia educacional: “Manda quem pode e obedece quem tem juízo”, como uma prática educacional que estimula o não pensar no educando, quando me deparei com um texto de Denise Vilardo (Professora de Língua Portuguesa e Especialista em Educação da Rede Pública da Cidade do Rio de Janeiro; Coordenadora Pedagógica do Colégio Graham Bell/Rio de Janeiro; Tutora Pedagógica do ProJovem Online - Fundação Darcy Ribeiro/ProJovem Urbano; Mediadora da Rede Tecnologia na Educação – Peabirus). Achei-o tão bem escrito e tão pertinente ao meu pensar que resolvi publicá-lo aqui neste blog.

Tenho certeza de que você vai gostar:

Não se educa com proibição!

Por Denise Vilardo *

Por que os professores do Estado do Rio de Janeiro precisam de uma Lei para lhes dizer o que pode/deve ou o que não pode/não deve ser feito dentro do espaço escolar?

De acordo com a Lei 5453/09, recém sancionada pelo governador do Estado do Rio de Janeiro, está proibido o uso de aparelhos MP3, MP4, walkman, game boys, agendas eletrônicas, máquinas fotográficas, além dos celulares nas salas de aula, bibliotecas e outros espaços de estudo das escolas da Rede Estadual.

Convido a todos os interessados a fazerem uma reflexão comigo a partir da seguinte premissa: qualquer atitude de proibição, pura e drasticamente, deseduca mais do que educa.

Todas as vezes que lidamos com o que é proibido, temos mais vontade ainda de realizá-lo. Isso é natural do ser humano. Proibir por proibir, ou criar mecanismos de censura ao que julgamos que deva ser censurado, costuma acirrar mais ainda a vontade de se alcançar o objeto de desejo. E aí, fatalmente, as crianças e jovens (porque são saudáveis) vão procurar meios de burlar o que está sendo negado a eles.

Lidar com máquinas e aparelhos eletrônicos, para essa geração de crianças e jovens com os quais estamos lidando, faz todo o sentido. Não se trata de ser bom ou ruim. Está aí, e a nossa tarefa é transformar essa relação em algo produtivo, que gere novos conhecimentos. Qualquer coisa menos que isso, significa que estamos subutilizando as máquinas ou que temos medo delas...

Mas também não acredito no "pode tudo", porque essa atitude também não educa. É preciso conversar, reconversar, criar consciência, discutir os "não pode" e estabelecer acordos. Acordos de horários, acordos sobre os tipos de jogos que são mais ou menos adequados, acordos sobre a utilização de aparelhos eletrônicos nos espaços de estudo etc. E, cabe, aos adultos da relação, cumprir os acordos. Isso significa educar.

Algumas questões são fundamentais e, na minha experiência de mãe e educadora de jovens (trabalho com jovens na faixa dos 15 aos 21 anos), creio que a mais importante de todas é a coerência. Coerência entre o que pensamos, sentimos e agimos.

Não se educa com um discurso diferente da maneira como agimos.

Não dá pra ficar fazendo discurso de ter que ser respeitador, se o jovem não percebe o respeito nas relações que ele vivencia. Não dá pra dizer pro menino não ser preconceituoso, se ele observa a maneira pouco digna dos adultos (pais, professores) tratarem as pessoas que são diferentes deles.

Vamos sair do senso comum e abandonar os estereótipos que marcam os jovens como aqueles seres difíceis, inadaptáveis, que “não querem nada”...

Eles querem sim, querem ser tratados como pessoas que pensam, capazes de tomar decisões e querem também perceber que somos coerentes (nós, os adultos). O que eles não acreditam é na hipocrisia e odeiam ser enganados pelos outros.

Olho no olho. Sempre. Verdade. Franqueza. Virtudes. Fragilidades. Consistência.

Outra coisa que considero fundamental, além da coerência, é não nos esquecermos de como éramos quando adolescentes. Quais eram os nossos sonhos, em que pensávamos, o que fazíamos para “enganar” os nossos pais e professores, como gostaríamos de termos sido tratados. Essa medida – de como éramos – nos ajuda muito a entender quem eles são e como eles agem.

E, por último, da minha lista de “fundamentais”, é não ter medo de dar limites, não ter medo de dizer não. E, não é o não pelo não. É o não argumentado, denso, com propósito. É o não que convence.

Somos seres sociáveis e, como tais, estabelecemos compromissos de convivência para podermos avançar nos nossos propósitos comuns.

Nada do que falei é fácil de ser realizado no dia a dia, mas é possível e é bom que seja tentado.

Esse texto aparentemente sem nexo vem questionar, por fim, por que os professores do Estado do Rio de Janeiro precisam de uma lei para lhes dizer o que pode/deve ou o que não pode/não deve ser feito dentro do espaço escolar? Por que os professores precisam dessa tutela?

Quer dizer que vamos abrir mão de todas as possibilidades educadoras que os MPs, celulares, câmeras fotográficas etc nos trazem porque não sabemos dizer não? É isso mesmo, professores? Quer dizer que não sabemos mais educar? Precisamos de leis para nos dizer o que é adequado ou não nas nossas salas de aula?

Não é nosso dever, educadores que somos, ensinar os nossos alunos a utilizarem as tecnologias, sabendo tirar o melhor proveito delas, com espírito crítico e ético? Não somos nós que temos que estar na vanguarda do processo pra poder ajudar os nossos alunos a compreenderem melhor o mundo em que vivem?

Como vamos fazer isso nos escondendo do mundo?

Não se educa com proibição. Educa-se com consciência.

Se você gostou poderá ler mais sobre o pensar de Denise Vilardo no blog http://dvilardo.blogspot.com/

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